Marido mata esposa alegando que ela estava possuída
Há um ditado que diz: nenhum crime é perfeito.
Prova disso foi o que aconteceu no sábado (10), em uma casa do bairro São Miguel, em Curitiba.
Nayara Queiroz Farias, de 25 anos, foi encontrada morta e o marido disse a todo mundo que ela “estava possuída” e se matou.
A Polícia Civil encontrou evidências de que, na verdade, o marido quem a matou, e o filho do casal, de dois anos, contou do jeito dele o crime à polícia.
O marido foi preso.
O crime foi descoberto por volta das 18h, depois que o homem foi com a mãe dele, o filho e uma tia, até a casa da família de Nayara pedir ajuda, dizendo que ela muito exaltada.
“O marido dela começou a se exaltar falando que ela estava se agredindo, batendo a cabeça na parede e disse que nunca viu ela tão roxa assim.
Fiquei muito assustada, larguei tudo a casa daquele jeito e fomos até lá”. Contou a irmã da jovem, Nayla Queiroz.
Quando chegaram à residência, o homem começou a falar que alguma coisa tinha acontecido com Nayara.
A irmã entrou na casa e, por estar sem luz por ter chovido, começou a procurar.
“Peguei a chave da casa, porque ele tinha trancado, abri a porta, estava sem luz. Entrei, chamei ela, e quando fui chegar no terceiro quarto, não a encontrei. Ele não tinha nem entrado na casa, falou que talvez ela tivesse saído. Quando abri a porta do banheiro, resolvi ligar a lanterna, bati a lanterna no pé dela, estava encostado na parede, a cara dela estava enorme, com os dentes quebrados, roxa, roxa roxa, eu me desesperei, gritei, tentei chamar a polícia. Pedi para ele chamar a polícia, ele não fez nada, até ligou o chuveiro para tentar acordar ela”. Contou a irmã da vítima.
Uma vizinha chamou a polícia. Com a chegada da equipe, o homem foi ouvido, e foi aí que começou a entrar em contradição.
“O depoimento não batia, porque ele falou que mandou uma mensagem falando que a Nayara estava tentando se suicidar, e não chegou mensagem para ninguém. Não havia nada que indicasse que foi um suicidio. Viram marcas no pescoço dela, eles já conhecem. Não estavam batendo as informações”. Disse Nayla, a irmã da jovem.
Para tentar escapar, o homem dizia que a jovem estaria possuída e que ela mesma se matou. Apesar disso, a irmã de Nayara disse que na casa não havia sinais de sangue e que a vítima estava roxa, desfigurada.
“A todo o momento ele falava que minha irmã estava possuída pela Maria Padilha, minha irmã nunca falou isso e ele falando que era louca, que estava possuída. Não faz sentido porque ela era evangélica, ia para a igreja, até a pastora ligou para a gente”. Comentou a irmã.
O filho do casal, que estava na casa no momento do crime, acabou dando aos policiais mais indícios de que o pai teria feito alguma coisa.
“Meu sobrinho, de dois anos, viu tudo. Um dos policiais, que conversou com meu sobrinho de dois anos, o menino falou “mamãe matou, papai fez pow, e caiu” […]. Quero muito que ele fique preso e pague tudo que ele fez pela minha irmã, porque o que ela sofreu ninguém merece. Espero muito que ele apodreça na cadeia”. Desabafou Nayla.
A equipe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) foi ao local para apenas confirmar o que, no início, se tratava de um suicídio.
“Em conversa com o marido, ele informou que a vítima fez sinais, se dizia possuída por uma determinada entidade, e que estaria segurando no pescoço e que essa entidade que matou a vítima. Diante da falta de coerência na narrativa e por, cientificamente, isso ser muito improvável, nunca ter dito nenhuma situação dessas, de a pessoa conseguir se matar desse jeito, verifica-se que se tratava de uma mentira”. Contou a delegada Aline Manzatto.
A polícia confirmou que a casa estava fechada quando a irmã da vítima foi até lá com o cunhado.
“Então verifica-se que ele fechou a casa, ele estava sozinho quando supostamente a vítima estava sendo morta pela dita entidade, então tudo isso leva a crer que ele foi o autor do feminicídio. O marido foi autuado em flagrante pelo feminicídio”. Concluiu a delegada.
Nayara deixa o filho, de dois anos.
O corpo será sepultado na tarde desta segunda-feira (12), no Cemitério Municipal do Boqueirão.
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